quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O DIA ‘D’ NA BOLÍVIA SERÁ 15 DE DEZEMBRO?


Evo Morales está para completar dois anos de mandato na presidência de seu país. Neste período tumultuou a tudo e a todos no pequeno estado andino. Fato este proclamado em recente pesquisa divulgada na mídia local.
Há poucos dias, fez aprovar a toque de caixa a nova constituição, criando seríssimos antagonismos com parte importante dos governos dos departamentos. Estes, em reação irão se declarar autônomos de direito e proclamarão a sua própria constituição (que chamam de estatuto), pois repudiaram aquela elaborada pela constituinte oficialista de Morales. E são um grupo de departamentos vizinhos uns dos outros - Pando, Beni, Tarija e Santa Cruz, dos quais o último é o mais próspero da Bolívia. Para melhor entender isto observe o mapa acima.
Como resposta, Morales propôs um referendo popular revogatório dos mandados eletivos dele e dos governadores dos departamentos, desafio aceito pelos mesmos, o que será depois regulado em lei a ser aprovada no congresso nacional. Também, convidou seus adversários a um diálogo, visando a cumprirem juntos a nova carta e as leis, que a regulamentarão, logicamente recusado.
Depois disso tudo, num ambiente de pré-secessão do estado, o seu radical chefe propôs uma trégua de Natal. O que provocou críticas irônicas de seus adversários, que lembrarem que ele se antagonizou com a Igreja Católica, a qual criticou acerbamente, tudo indicando não ser ele católico. Sendo isto uma proposta cínica, que mostra o oportunismo do político indígena, que não se peja de usar qualquer pretexto, mesmo que não acredite nele, quando o mesmo lhe convêm.
De qualquer forma, nada indica que haverá um Natal de paz na Bolívia, inclusive porque no dia 15 de dezembro as autonomias departamentais serão declaradas. O que motivou ameaças de intervenção militar e policial naquelas áreas.
Agora sobre a constituinte, que no seu final foi dominada pelos deputados indígenas de Morales, ausentando-se dela os opositores (o que impediu a presença dos dois terços de constituintes), houve muita coisa curiosa. Por exemplo, no último dia dela, os deputados lancharam mortadela e mascaram folhas de coca, temperando tudo com goles de chá de coca. E aprovaram o texto obedientemente e praticamente sem discussões. Como resultado destes malabarismos parlamentares, saiu apenas uma única reeleição para o presidente, que desistiu de reeleger-se indefinidamente e outras coisas típicas da Bolívia; por exemplo, ela ficou com 36 línguas oficiais (o espanhol e mais 35 dialetos locais) e colocou como dispositivos legais textos de fundo moral inseridos arbitraria e indevidamente na carta magna, um dos quais conclamam o povo a não ser frouxo, nem mentiroso, nem ladrão; coisa típica de escola paroquial de aldeia!
O texto fundamental ainda não está em vigor, pois terá que ser submetido inteiramente a um referendo popular no futuro.
E assim, gerando futuras lutas e dividindo ainda mais a sua população, caminha atabalhoadamente o pequeno país, que é tão pobre, que um quarto daquela tem que viver fora dele, para assim trabalhar e sobreviver; pois, se ali ficassem passariam até fome!
Deixei de fornecer as fontes deste artigo, pois elas estão em várias notícias e diversos artigos da própria imprensa boliviana, que poderá ser acessada através do link aqui existente. Unicamente menciono a fonte do mapa que é o periódico El Deber, de Santa Cruz, cujo endereço eletrônico está ao final.
E estou aguardando o que virá, imaginando que o Presidente Lula não irá à Bolívia no dia 16 deste mês, inclusive porque no dia anterior as raízes de uma conflagração interna terão sido lançadas pelos ardentes governantes departamentais. Se for, o Sr. Luiz Inácio deixará de ser o pragmático, que sempre foi.

Nenhum comentário: