quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Uma tempestade está se formando nos Andes bolivianos


A Bolívia desde a ascensão de Evo Morales vive um fortíssimo clima de tensão política. O governo é radical e a tudo radicaliza. Os focos de tensão internos e externos são inúmeros.

Eu não pretendo tratar aqui de questões meramente internas daquele país, por respeito à soberania boliviana. A minha intenção é anunciar a nova pendenga entre o governo e as chamadas “petroleras”, ou seja, as firmas estrangeiras que extraem petróleo e gás no montanhoso país.

Este, não possui poupança interna, nem fundos governamentais disponíveis para investimentos industriais. Por isso, autorizou aquelas firmas a fazerem o citado trabalho. Elas já estão lá há vários anos, mas recentemente tiveram que renegociar seus contratos e segundo a própria mídia boliviana reconheceu, nenhum destes previu novas inversões. O governo Morales entende o contrário e agora determinou que, ou as empresas anunciam novos investimentos ou terão suas concessões rescindidas. A maior delas pertence à Petrobrás – daí o meu interesse pelo assunto.

Na época da subscrição do contrato com a Bolívia, o presidente da Petrobrás declarou que sua subsidiária boliviana não estava obrigada a fazer investimentos de vulto, mas apenas aqueles necessários à manutenção das atividades existentes (algo em torno de algumas centenas de milhões de dólares); o que é pouco para uma empresa deste porte! Recentemente, o teor dos contratos em geral foi comentado pela mídia andina, que confirmou a inexistência desta obrigação.

O problema é que a Bolívia depende do gás para sua sobrevivência e progresso. Fora isto, nada mais que ali existe tem a importância deste insumo. E curiosamente, o que ela produz atualmente, através das multinacionais, só lhe permite manter seus contratos atuais; alguns deles, os menores, nas suas quantidades mínimas.

Por isto, novos investimentos serão essenciais para a sua economia. O problema é que o país vive em constante efervescência. Também é instável, como as áreas vulcânicas e a maioria dos seus dirigentes são despreparados ou incompetentes. Ainda, ali existe um forte sentimento de xenofobia, que não facilita os contatos com as firmas estrangeiras.

As empresas petrolíferas queixam-se discretamente, que o governo, ou não lhes assegurou os mercados consumidores para os acréscimos a serem feitos na produção, ou ainda não fixou regras claras para a área. E sem isto, elas não poderão investir. O governo alega que as petroleiras também devem produzir para o mercado interno, além do externo. O problema é que aquele não é atraente, pois o valor de venda dos produtos é tabelado e está muito abaixo do preço internacional.

Para se ter uma idéia, um milhão de BTU de GN, para a Argentina vale US$ 5, 16, para o Brasil custa US$ 4, 4, enquanto que na Bolívia tem de ser vendido entre US$1, 1 a US$1, 30; cabendo as petroleiras arcarem com a grande diferença nestes preços.

Por enquanto, pouco se disse ali sobre a Petrobrás, que se mantêm extremamente discreta; mas, é inevitável que ela entre na dança, pois é a maior de todas as que ali existem e por isto um alvo preferencial natural.

Só existe uma certeza: a de que na Bolívia está se formando uma tempestade, que fatalmente atingirá o Brasil! Tanto que Evo Morales, disse que se “hasta el 20 de agosto se extenderá el último plazo para la presentación de los planes de inversión bajo la advertencia de asumir acciones como la reversión de las concesiones gasíferas donde no se ejecuten inversiones”. Morales, “hizo este anunció apoyado en su colega argentino Néstor Kirchner, quien el viernes dijo que suplirán las inversiones privadas”. “Kirchner es muy amigo”, digo eu mesmo! Curiosamente, a mídia brasileira não tem noticiado estes fatos, mas logo isto ocorrerá, pois Morales tem o apoio da Venezuela e da Argentina; cada uma delas, por razões totalmente próprias. Vamos acompanhar e ver o que dará, pois desta vez o governo Lula terá que intervir, sob pena de ficar desmoralizado interna e externamente. E Lula tem grande dificuldade em tomar decisões importantes, como todos os brasileiros bem sabem.


Fonte: La Pátria.


Acesso em: 14/08/2007.

Nenhum comentário: