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segunda-feira, 26 de setembro de 2016
O ocaso político de Evo Morales e do MAS na Bolívia.
Faz tempo que não vinha
aqui, mas agora retornei e deixo esta matéria que escrevi pessoalmente sobre o
atual estado político, econômico e social da Bolívia, que segue de mal a pior, de acordo
com o receituário de Juan Evo Morales Ayma, seu presidente.
(Evo fazendo o juramento masista)
Evo Morales, de origem indígena
aimará, mas desde cedo integrado na sociedade boliviana nela viveu pobremente
até integrar-se no sindicato dos “cocaleros”, aonde com o tempo se tornou um de
seus dirigentes, ingressando depois na política e acabando como presidente da
pequena república e chefe máximo daquela entidade sindical, conhecida como as seis Federações do
Trópico de Cochabamba. Dizendo-se marxista-leninista aproximou-se
de Hugo Cháves e de Fidel Castro, também comunistas, e por eles apoiado após
grandes distúrbios no pais, terminou eleito à presidência em 2005, iniciando o período
de seu governo em 2006, aonde até hoje perdura, mediante duvidosas e questionáveis reeleições.
Para isto usou de todas
as artimanhas e manobras, sejam políticas, sejam econômicas, além de
demonstrações de força e até da violência aberta. Seus opositores estavam
desorganizados e desunidos, além de desacreditados junto à população, o que
muito facilitou a sua ascensão. Inicialmente, pondo em vigência uma lei anterior ainda não aplicada passou a
cobrar a metade dos ganhos brutos obtidos com a venda do Gás Natural (GN) a
título de impostos. Depois obrigou as petrolíferas estrangeiras a renegociarem
os seus contratos com o governo, ainda em pleno vigor, a pretexto de que eles
não tinham sido aprovados pelo parlamento, sendo nulos na sua visão. As mesmas
que faziam os principais serviços da área, especialmente a descoberta de novas
jazidas e sua extração foram submetidas no novo regime a condição de meras
prestadoras de serviços, mantendo-se apenas com a extração do GN, logicamente com
ganhos limitados. Finalmente, usurpou muitas outras empresas estrangeiras, que
operavam na área do gás e petróleo, normalmente na área de logística, ocupando-as
militarmente e passando a geri-las “sine die” até obter de suas matrizes um
acordo financeiro nas suas aquisições, que favorecesse o estado usurpador. Com
a Petrobras, que era uma delas, de seu patrimônio legal arrancou suas duas
refinarias, estatizando-as, por um valor de “galinha morta”. Tudo mediante
pressões e extorsões. E para administrar todo este acervo reviveu a YPFB, uma
empresa estatal boliviana incompetente, que existia então apenas como um casco
velho e inútil. Esta renascida tornou-se a “holding” das firmas usurpadas, e ainda
a única responsável pela comercialização interna e externa dos combustíveis,
especialmente do GN, sendo também contemplada com um excelente percentual dos
ganhos, de início apenas para administrar o que lhe foi entregue de mão beijada
e depois para também descobrir novas jazidas de GN, pois as petrolíferas estrangeiras
não estavam mais obrigadas contratualmente a tal.
Tal o quadro dos
acontecimentos ocorridos naquele país nos anos que se seguiram, pois isto teve
que ser feito paulatinamente. Morales teve sorte, pois o GN foi fortemente valorizado
internacionalmente, pelo grande aumento nos preços do petróleo bruto,
assegurando excelente renda a Bolívia. Vários exercícios fiscais foram de
grandes ganhos ao Tesouro Nacional da Nação (TGN) e Morales e seus comparsas
puderam amealhar no Banco Central Boliviano (BCB) uma considerável reserva em dólares
para um país pequeno.
Desde os seus primeiros
tempos, Morales queria usa-los para criar empresas estatais e acabou
conseguindo isto depois de um certo tempo. Afinal, os bancos de fomento
internacional só concediam créditos limitados ao seu país. O lançamento de
papeis do tesouro no mercado internacional era feito sem carência na primeira amortização
e ainda implicavam no pagamento de juros anuais elevados. Os investidores privados
estrangeiros não se arriscavam a investir produtivamente num estado, que sem
cerimonias usurpava suas empresas sem as pagar. Mas, para praticar seu
capitalismo de estado aquele governo fez investimentos desastrosos ou
falaciosos, criando empresas estatais sem resultados lucrativos e até firmas deficitárias
e por isto carentes de subsídios para serem mantidas. Isto fez o estado ficar
pesado, bem mais caro, no fundo um “elefante branco”.
Para culminar o
desastre o preço do GN caiu fortemente a partir de 2014 e assim se mantem. Sem
investimentos estrangeiros e ainda carregando o peso do “elefante” só restou a
Bolívia continuar a queimar as suas reservas externas, já reduzidas, e assim manter
suas políticas de investimentos estatais até 2019 para obter algum aquecimento econômico
interno, de forma a ficar politicamente a salvo perante a população, no geral
de pessoas de curta visão, que não se apercebem do desastre que delas se
aproxima célere.
Presentemente, a
produção interna de GN tem caído, pelo prematuro esgotamento das jazidas em
utilização, cuja extração foi precocemente acelerada no tempo dos preços altos
do combustível. E lembre-se que uma jazida de GN leva anos para ser descoberta
e explorada comercialmente. A YPFB e suas subsidiárias a quem compete achar
outras não tem capacidade técnica e financeira para fazê-lo. As petrolíferas estrangeiras
descapitalizadas pelos ganhos limitados próprios de meras prestadoras de
serviços fazem unicamente investimentos pequenos com tal fim. Tudo isto é o
sinal inelutável e infalível, de que a economia boliviana nos próximos anos cairá
progressivamente, arrastando consigo para o abismo ao seu final o restante do
projeto político de Evo Morales e de seu partido, o MAS.
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